RS busca avançar na redução de emissões em lavouras de arroz

O Rio Grande do Sul pretende progredir em práticas e tecnologias mitigadoras da emissão de gases de efeito estufa (GEEs) nas lavouras de arroz. Esse objetivo gaúcho é compartilhado com outros seis países e será discutido em evento em Porto Alegre a partir desta terça-feira. O workshop visa a promover a produção sustentável de arroz na América Latina e no Caribe e integra o projeto Global Methane Hub. O evento ocorrerá na sede do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), entre terça e quinta-feiras, com representantes de Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Uruguai e Brasil.

Para marchar em direção ao balanço zero ou negativo na emissão de carbono na rizicultura, o Irga teve aprovado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) um projeto de cerca de R$ 1,5 milhão, para ser aplicado em pesquisa e extensão e na transferência de conhecimento de práticas já identificadas aos produtores. A pesquisadora e coordenadora da Estação Regional de Pesquisa do Irga da Região Central, Mara Grohs, diz que os recursos financiarão eventos e unidades demonstrativas em propriedades rurais.


Rotação de soja e arroz


Mara diz que uma das práticas já identificadas como mais efetiva para a redução de GEEs é a rotação das culturas de arroz e soja. “Quando se intercala um ano de arroz com um ano de soja, temos uma redução de 60% na emissão de GEEs quando volta o arroz. É importante conseguirmos viabilizar a rotação com culturas de sequeiro em todas as regiões do Rio Grande do Sul”, defende.

Conforme a pesquisadora do Irga, uma das regiões onde são necessários avanços é a Região Central, em razão de problemas com enchentes e do perfil fundiário de pequenas propriedades. “Muitas vezes o pequeno produtor tem dificuldade de conseguir melhorar seu sistema de drenagem e adquirir equipamentos como a sulcadora, que permite fazer vários sulcos na área e semear soja sem ter risco de perder a safra por inundação, que é o maior receio de nossos produtores”, explica.

Além de práticas, o projeto vai qualificar o Selo Ambiental do Irga, criado pelo instituto para promover a sustentabilidade ambiental do sistema de produção de arroz irrigado e que no ano passado contemplou 58 produtores. “Com o recurso do IICA, a gente vai poder fazer análises de carbono no solo desses produtores que já têm o Selo Ambiental para ver quanto está sendo sequestrado e também investir no melhoramento genético do Irga, para identificar linhagens promissoras que tenham padrão de emissão de metano menor”, adianta Mara. “Além de o produtor ter práticas na sua lavoura, poderá optar por material genético que tem menor padrão de emissão.”


Preparo antecipado do solo

A pesquisadora ressalta que a cultura arrozeira não emite metano, apenas serve como meio de transporte do gás emitido no solo para a atmosfera. O melhoramento genético permite manipular o padrão de emissão. O projeto ainda tem outras ações comuns com os demais países participantes. Esta semana, os estrangeiros vão conhecer o sistema de produção e as práticas gaúchas de produção sustentável. “Em 60% da área das lavouras, é feito preparo antecipado do solo, que tem 25% a menos de emissão de gases, porque ocorre longe do período da inundação”.

Dentro da programação do workshop, haverá visitas a uma propriedade rural no município de Mostardas, na região da Planície Costeira Externa, em que é adotado o sistema plantio direto em áreas arrozeiras. “É uma das ferramentas mais importantes dentro do sequestro de carbono. Temos que reduzir as emissões, ter balanço negativo, sequestrando mais carbono do que emitindo, ou balanço zero, emitindo e sequestrando a mesma quantidade. É isso que a gente busca”, aponta Mara.


Plano ABC+RS

A sustentabilidade dos sistemas de produção de arroz irrigado está ligada aos objetivos do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+RS), conduzido pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O coordenador do Comitê Gestor do Plano ABC-RS, Jackson Brilhante, pesquisador da Seapi, destaca que o projeto a ser desenvolvido pelo Irga é estratégico, com pesquisa e extensão para tornar a produção arrozeira mais eficiente, gerando melhores produtividades e menor intensidade de emissão de GEEs.





Fonte: IRGA

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