Déficit do INSS preocupa governo e pode chegar a R$ 30,8 trilhões até 2100, aponta LDO
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
ECONOMIA | Rombo previdenciário deve quadruplicar nas próximas décadas com envelhecimento da população e queda da natalidade
A sustentabilidade do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) nas próximas décadas tornou-se uma das principais fontes de preocupação da equipe econômica do governo federal. Em meio às recentes denúncias de fraudes envolvendo descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas, dados divulgados no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026 apontam para um cenário fiscal ainda mais grave: o déficit previdenciário deverá mais do que quadruplicar até o fim do século.
De acordo com o texto enviado ao Congresso Nacional em abril, a projeção é de que o rombo do INSS chegue a 2,58% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025, o equivalente a R$ 328 bilhões. Para 2100, a previsão é alarmante: o déficit pode atingir 11,59% do PIB, ou cerca de R$ 30,88 trilhões.
O modelo previdenciário brasileiro, de repartição simples — em que os trabalhadores da ativa financiam os benefícios dos aposentados — será fortemente impactado pela mudança demográfica em curso no país. A queda acentuada na taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida significam menos contribuintes e mais beneficiários, um desequilíbrio que se acentuará com o passar dos anos.
“Embora o Brasil ainda tenha uma estrutura etária relativamente jovem, a forte queda nas taxas de fecundidade, associada às quedas nas taxas de mortalidade, levarão a um rápido processo de envelhecimento da população e a uma redução acentuada da participação dos jovens no total da população”, alerta o governo no documento. Essa transformação exigirá “grandes pressões por mudanças nas políticas públicas de forma geral e, especificamente, na previdenciária”.
Apesar da reforma da Previdência aprovada em 2019, especialistas já alertam que novas mudanças poderão ser inevitáveis para garantir a sustentabilidade do sistema, seja por meio de aumento de alíquotas, postergação da idade mínima para aposentadoria, ou mesmo uma revisão mais ampla do modelo adotado.

